24/7

Um espaço aberto para o debate vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. O anfitrião nem sempre estará presente.

31.10.06

Morrendo de rir...

A série de documentários de terror Faces da Morte vai virar filme de ficção em Hollywood. Para quem não sabe, os vídeos da série reuniam diversos casos "verídicos" de morte e mutilação de causas variadas. Faces da Morte IV, ao lado de Cemitério Maldito, foi a produção que mais me causou pesadelos em minha infância/adolescência. Devia ter uns 12 anos quando vi um homem ser asfixiado com um saco plástico, um ilusionista ter a cabeça decepada porque um truque saiu errado, um mecânico ter a perna arrancada porque o macaco que segurava o carro cedeu, um camponês russo ser esquartejado por quatro cavalos que puxavam cordas amarradas a seus membros e muito mais. Ah, tinha também o jovem que foi comemorar sua aprovação na universidade pulando de bungee jump do alto do prédio do colégio onde havia estudado. Calculou o comprimento da corda de forma errada e se espatifou no chão. E o cara andava de bicicleta e foi atropelado por uma ambulância? Ao dar ré para socorrer a vítima, a ambulância atropelou-o de novo e terminou o trabalho.

Eu era muito ingênuo mesmo para, diante de recursos de edição descarados que o filme utiliza, acreditar que tudo aquilo era verdade.

Esperança

Vai lá, Lula, não nos deixe na mão. Preste mais atenção nas pessoas a seu redor. Melhore as coisas boas, mitigue as ruins. Troque o "nunca antes na história desse país" por "nunca antes no meu governo". Entre para a história. Por méritos.

Segue texto de Marcos Coimbra, presidente do Vox Populi, sobre a votação no segundo turno.

Antes do texto, recomendo o site/blog do jornalista Luiz Carlos Azenha, em especial os posts "Poder da internet no Brasil foi desprezado por nossos analistas", "Proposta de estado 'enxuto' me faz lembrar de Reagan" e "Aves de mau agouro não dão trégua: vale qualquer coisa para espinafrar Lula". Os três, assim como o texto abaixo, têm pontos interessantes sobre formação de opinião, desigualdade social, democracia e contra essa tentativa absurda de tentar se instaurar um clima de guerra civil entre brasileiros.


Por que Lula foi reeleito
Marcos Coimbra

Há muitas razões que explicam a vitória de Lula nas eleições deste domingo e muitas serão discutidas nos próximos dias, mas há uma que me parece fundamental: Lula ganhou porque, para a maioria da população, não estava na hora de mandá-lo de volta para casa com apenas quatro anos de mandato.

Nas pesquisas, essa opinião vinha sendo claramente expressa por aqueles que pretendiam votar nele, mas não estava ausente do raciocínio de muitos que não. Em meados de julho, por exemplo, em pesquisa não destinada a divulgação, a quase totalidade dos entrevistados que tinha intenção de voto em Lula concordava com a frase "não está na hora de eleger um candidato do PSDB, pois eles já tiveram os oito anos de FHC e fizeram pouco".

Mas o relevante é que metade dos eleitores de Alckmin dizia o mesmo, ou seja, que, para muitos deles, talvez não fosse, ainda, a hora da troca de comando.

Os eleitores que decidiram a eleição de 2002, aqueles que nunca haviam votado em Lula e que então votaram, fizeram sua escolha depois de superar o conflito entre um forte desejo de mudança e o temor por suas conseqüências. Para eles, era preciso dar, nas eleições presidenciais, o mesmo passo que consideravam normal em outras, o da alternância, mas tinham receio que fosse "arriscado demais". Mudar, nas cidades e até nos estados, era possível, mas, no país, talvez não.

Por razões que não precisamos relembrar, "a esperança venceu o medo" e a maioria do eleitorado promoveu a mudança.

Completava-se, assim, a construção democrática depois dos longos anos do arbítrio: finalmente, acontecia a desejada alternância, nem que fosse apenas para mostrar que era possível.

Além de um aspecto formal, importante ao alargar o espaço da democracia, mas restrito ao plano institucional, a alternância com Lula tinha um sentido adicional e muito concreto para seus eleitores: o de ser, também, uma alternância de classe no centro do sistema, a presidência da república. Ou seja, o que estava em curso era uma ampliação democrática em dupla acepção, a possibilidade da troca e a possibilidade da troca por alguem como Lula. O Brasil mostrava para si mesmo (e para o mundo) que uma pessoa do povo podia ser tudo em nosso sistema político, vereador, deputado, prefeito, senador, governador e, até, Presidente da Republica.

Pode-se objetar a essa idéia, lembrando que outros presidentes nasceram em famílias simples e enfrentaram graves dificuldades na vida. Nada, no entanto, se comparava a Lula nesse aspecto, quando mais não fosse porque nenhum, antes dele, teve que lidar com um permanente questionamento de suas qualificações, em grande parte por ser quem era. Assim, foi, em boa parte, a intensa campanha negativa que sofreu em suas tentativas anteriores de chegar à presidência, de manipulação de preconceitos e ativação de estereótipos, que tornou, para o povo, tão extraordinário o resultado daquela eleição. Ao desqualificá-lo no passado para derrotá-lo, nossa elite o transformou em símbolo ainda mais forte na vitória.

Por essas razões, a alternância era muito mais que política e na política, envolvendo sentimentos profundos de auto-imagem e amor-próprio. Era uma alternância "deles" por "nós" e por "mim".

Engana-se quem pensa que foi uma decisão simples, até porque ela exigiu uma reavaliação muito ampla. Com Lula, venciam muitos parecidos com ele em muitas coisas, negando seu lugar marcado na sociedade brasileira, de incapacidade de transcender seus limites de origem e de superar as barreiras para "dar certo na vida". Admitir que Lula podia ser igual a um "bacana" implicava em aceitar que outros Lulas podiam também ser "bacanas", mesmo aqueles condenados a não sê-lo, pela rigidez de nossas hierarquias sociais.

As primeiras pesquisas feitas logo após as eleições de 2002 e durante o começo do governo captaram uma nítida mudança nas atitudes dos eleitores de classe popular, apontando para o aumento de sua auto-estima e da confiança de que o Brasil iria melhorar, agora que as políticas de governo passariam a ter outra intenção e finalidades. Então a alternância se faria completa, chegando à própria ação do governo: um governo diferente, com gente diferente, fazendo coisas diferentes.

Durante quanto tempo? Qual seria a duração do mandato desse governo tão novo? Ora, aquela que nossos políticos criaram, ao criar a reeleição: oito anos.

Essas pesquisas mostravam que Lula começou seu governo com o horizonte de tempo que passou a ser a regra para todo governante eleito depois de 1997, mas com um crédito adicional, vindo da tolerância que alguém tão diferente como ele podia ter. Ao elege-lo, seus eleitores contavam com uma demora que poderia ser longa, até que ele e sua turma se familiarizassem com o poder e suas artimanhas. As expectativas não eram de grandes resultados no curto prazo, mas, fundamentalmente, de que houvesse uma inflexão de prioridades, que sinalizasse a nova direção buscada.

Agora, no meio desse "mandato longo", os eleitores que confiaram em Lula, com os outros que não, fomos todos chamados a julgar os "primeiros" quatro anos, para que opinássemos se era ou não o caso de deixa-lo "completar" o trabalho. O resultado é conhecido.

Quando votaram Lula, seus eleitores fizeram julgamentos objetivos e subjetivos. Olhando para o que foi feito desde 2003, já sabíamos há tempo que a maioria da população fazia uma comparação favorável do governo Lula com seus antecessores. Em algumas áreas de ação governamental, esperava-se mais, em outras menos, mas as surpresas positivas (macroeconomia, política externa) sempre foram maiores que as negativas (saúde, emprego, segurança). Em nenhuma houve percalço semelhante à crise cambial de 1999, ao apagão de 2001 ou ao desequilíbrio de 2002, sem aqui discutir suas razões.

Acima de tudo para os eleitores que confiaram em Lula, esses "primeiros" quatro anos foram de cumprimento da palavra empenhada, de resgate do que seria seu compromisso fundamental, tão fundamental que não precisava sequer ser enunciado, de fazer um governo que melhorasse as condições de vida dos mais pobres. Isso, para a maioria da população, Lula fez e fez até mais que muitos esperavam.

O Bolsa Família é o símbolo desse compromisso, mas não está sozinho e não é, nem nunca foi, sua manifestação mais importante. Foi a melhora do poder de compra, seja pelo aumento do salário real, seja pelo barateamento de inúmeros produtos de consumo popular (desde tradicionais, como alimentos e materiais de construção, a novos, como muitos eletroeletrônicos), que mais confirmou que Lula fez diferença para quem mais precisava. Junto ao Bolsa Família, programas como o Pro-Uni, o Luz para Todos, confirmaram o que os eleitores pensavam ser as metas mais importantes do governo. Tê-las buscado, obtendo maiores ou menores sucessos, foi o essencial.
E o "mensalão? Por que não foi capaz de matar a candidatura Lula? Que "blindagem" é essa? Sem entrar na discussão da histeria da mídia e de "formadores de opinião" frustrados por se perceberem inteiramente incapazes de formar qualquer opinião, a gravidade do que foi suscitado pelas denúncias nunca foi ignorada ou menosprezada pelo eleitorado. O que a maioria fez, apenas, foi uma ponderação de acertos e erros, chegando à conclusão que os primeiros foram maiores que os segundos, especialmente porque sabia, por experiência ou intuição, que os pecados do"mensalão" são a regra e não a exceção.

Mas essas considerações objetivas não foram tudo nesta eleição que terminou. A seu lado, ainda que de maneira nem sempre consciente, esteve presente outra causa, que me parece decisiva.

Mandar Lula de volta para casa, não lhe conceder a "outra" metade do mandato, seria um golpe grande demais para seus eleitores. Fazê-lo seria como que admitir que não existe alternância possível no Brasil - não a mera alternância política, mas a alternância de classe a que nos referimos. Às vezes até fazendo com que, deliberadamente, muitos eleitores preferissem não saber de coisas contra ele, a idéia de alternância esteve presente e foi fundamental na eleição e na reeleição de Lula.

A derrota de Lula seria o abortamento da alternância, a admissão que não há saída fora da elite. Era concordar com a idéia de que um presidente vindo do povo não consegue mesmo ser um bom presidente e que nem sequer o direito de completar seu trabalho lhe deve ser estendido. Com ele, perderiam muitos outros Lulas.

Ainda bem que ganhou.

27.10.06

E lá vamos nós outra vez...

O Fluminense se prepara para agraciar seus torcedores, mais uma vez, com o rebaixamento para a série B do Brasileiro. Espero que, caso o objetivo seja alcançado, não haja virada de mesa e estouro de champanhe.

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Enquanto isso, na Itália, o segundo time mais glorioso do mundo (logo abaixo do supra-citado) vai se reerguendo e recuperando a credibilidade. Após sete rodadas, a Juventus segue invicta, dona da melhor campanha, com um empate e seis vitórias seguidas. Já ultrapassamos a barreira do zero, deixando para trás a penalidade de menos dezessete pontos. Até o fim do mês deve sair a decisão do recurso que pedia redução da punição. A previsão é otimista, alguns até dizem que os dezessete pontos serão devolvidos. Avante, Juve!

Ma-ra-vi-lha (1)

Já que estamos falando de viagens... Está chegando ao fim a seleção das novas sete maravilhas do mundo. O processo, que não sei bem quando começou, mas que em 2001 já estava em curso, anunciará os selecionados em 07 de julho de 2007. Qualquer um pode votar e ajudar a escolher os monumentos "mais representativos" da humanidade. Pode-se usar a internet para votar uma vez, de graça, ou o telefone para votar diversas vezes, desde que se pague.

É impossível deixar de ter a impressão de que por trás desse movimento, organizado ela New 7 Wonders Foundation, não há algo de picareta e oportunista. Mas também é impossível não deixar se seduzir por lugares tão fascinantes quanto os que estão concorrendo. No momento, depois que centenas de pontos turísticos já foram eliminados, estamos na fase decisiva, na qual os sete ganhadores sairão de 21 finalistas. Antes de dar meus pitacos, vale lembrar que as maravilhas do mundo antigo eram:
- As pirâmides de Giza
- A estátua de Zeus
- O Colosso de Rhodes
- O mausoléu do rei Halicarnasso
- O templo de Minerva
- Os jardins suspensos da Babilônia
- O farol de Alexandria

Os atuais concorrentes são:
O templo da Acrópole (Grécia);

o palácio de Alhambra (Espanha); Angkor Wat (Camboja);


a pirâmide de Chichén Itzá (México); o castelo Neuschwatein (Alemanha);


o palácio Hagia Sophia (Turquia); Timbuktu (Mali);



o Taj Mahal; Machu Picchu (Peru);


a Opera House de Sydney; o santuário de Petra (Jordânia);

o Cristo Redentor; o Coliseu de Roma; as estátuas Moai da Ilha de Páscoa, a torre Eiffel; a Grande Muralha da China; o templo de Kiyomizu (Japão); o Kremlin (Rússia); santuário de Petra (Jordânia); as pirâmides de Giza; a Estátua da Liberdade; e Stonehenge.

Ma-ra-vi-lha (2)

Bem, com a qualidade de quem nunca esteve em nenhum desses lugares, à exceção do Cristo Redentor, descarto, logo de cara:
- as pirâmides de Giza, por já estarem na lista antiga;
- a Estátua da Liberdade, por não ser nada de mais;
- o Cristo Redentor, por também não ser nada de mais. A maravilha ali é a vista, obra da natureza. A estátua é até humilde e as antigas maravilhas são grandes obras feitas pelo homem;

Daí por diante, a parada é dura. Todos os outros são belos, com histórias interessantes e cheios de significado. Escolho esses:

- Grande Muralha da China (pô, dá pra ver do espaço! Além disso, está caindo aos pedaços e esse marketing adicional pode ajudar a preservá-la);
- Angkor Wat (só porque é bonito pra caralho. E fica no Camboja. Vc sabia que havia uma coisa dessas no Camboja? Eu só sabia por causa da Lara Croft);
- Taj Mahal (porque, segundo a história, foi feito por amor);
- Machu Picchu (viva os povos latinos!);
- Opera House de Sydney (uma homenagem à engenharia e à arquitetura modernas);
- Timbuktu (porque sua história é muito boa, porque fica na África, porque abrigou uma das primeiras universidades do mundo, porque não tem o destaque que merece);
- Stonehenge (porque é mais antigo do que as próprias maravilhas originais).

26.10.06

Guia turístico alternativo

Essa eu vi no Omelete (link aí ao lado). O Mayor's Office of Film, Theatre and Broadcasting é o orgão da prefeitura de Nova Iorque responsável por autorizar e organizar a utilização de espaços públicos da cidade como locação para produções cinematográficas, teatrais e televisivas. Criado em 1966, o escritório completa 40 anos e, como parte das comemorações, montou esse mapa de NY. Nele você encontra os lugares onde algumas cenas memoráveis do cinema norte-americano foram encenadas e gravadas. Dá para achar, por exemplo, o prédio da ONU, usado em "O intérprete", quase todas as externas de "Noivo neurótico, noiva nervosa", o bairro italiano de "O poderoso chefão II" e muitos outros.

Nunca estive em NY, e tenho outras prioridades em minha lista de "locais que gostaria de conhecer", mas deu vontade de ir pra lá com esse mapa debaixo do braço.

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Por falar em guias alternativos, conheço um cara que circulou por Paris tendo como base "O código Da Vinci" e não se saiu muito mal.

25.10.06

Eleições

Sexta-feira tem o último debate presidencial na Globo. Debates são importantes para avaliar candidatos, comparar propostas, coisa e tal. Mas é impressionante (e irritante) como os encontros entre nossos candidatos à presidência são repetitivos. Sempre as mesmas perguntas, sempre as mesmas respostas (ou não-respostas, como preferirem). São acusações e montanhas de números pouco palpáveis. Nada mais. Chega a ser engraçado ver um chamar o outro de mentiroso e o outro nem se dar ao trabalho de refutar a afirmação. Os blocos menos chatos são aqueles nos quais jornalistas ou eleitores fazem perguntas aos candidatos. Mas a capacidade que estes têm de fugir das perguntas é impressionante. Por mim, o formato dos debates seria exclusivamente assim, com o detalhe de que o questionador teria direito à réplica. Invariavelmente, seria assim:

- Candidato, o que o senhor faria a respeito disso?

- A respeito daquilo, faria tal coisa. E é importante frisar que a respeito daquela outra coisa meu adversário não fez nada.

- Desculpe, candidato, mas acho que o senhor não entendeu a pergunta. Quero saber sobre isso, não sobre aquilo ou aquela outra coisa. O senhor poderia responder à pergunta original de forma objetiva?

Também é impressionante como os dois presidenciáveis são mau orientados e não têm noção de tempo. No debate da Record, inclusive, Alckmin chegou a protagonizar uma cena ridícula porque esgotou seu tempo, propiciando a Lula um momento bem espirituoso. Lula gagueja, hesita e desvia o olhar da câmera de forma impressionante. Alckmin, não satisfeito, gasta uma de suas perguntas para tratar do Nordeste, permitindo a Lula discorrer sobre toda a sua trajetória de retirante bem-sucedido que sensibiliza qualquer um.

Isso sem entrar no (de)mérito dos postulantes ao cargo de governador do Rio. Votarei no Lula e ainda não sei se vou de Frossard ou de nulo. E apesar da convicção no voto pra presidente, não posso deixar de sentir que estou adotando uma política de redução de danos.

Eu queria mesmo era votar no Jed Bartlet.

18.10.06

Como é que é?

Que ótimo! A Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro decidiu, por unanimidade, condecorar a aposentada Maria Dora dos Santos Arbex com a medalha Pedro Ernesto, concedida a pessoas que prestaram bons serviços ao município. Para quem não lembra, Maria Dora reagiu a um assalto atirando em um morador de rua que tentava roubar seu celular. O tiro acertou a mão do criminoso, que foi preso, assim como a própria aposentada, por não ter porte de arma. Então quer dizer que agora nossos representantes condecoram pessoas que infringem leis?

O autor da iniciativa, como não poderia deixar de ser, foi o vereador Carlos Bolsonaro, filho do deputado federal (reeleito) Jair Bolsonaro. Diz o vereador que a atitude da aposentada "externa o sentimento de um povo cansado de tanta violência, sem que os órgãos responsáveis tomem qualquer atitude". Pois depois de tanta omissão, é essa a atitude que nosso legislativo municipal toma: condecorar quem anda fora da lei, estimular o "cada um por si". E Bolsonaro ainda lamenta que o tiro tenha atingido a mão, e não o coração, do assaltante, pois assim "seria um vagabundo a menos".

Quer dizer, então, que se eu começar a tacar pedras em veículos que avançam o sinal, cortar os dedos de quem joga lixo na rua, esfaquear os consumidores esporádicos de drogas ou atirar em autoridades (in)competentes, arrisco ganhar uma medalha também? Porque eu estou cansado dessas coisas tanto quanto o povo carioca deve estar cansado da violência.

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A família Bolsonaro, que ainda conta com o deputado estadual Flávio Bolsonaro, é digna de nota. Eu não devo concordar com nenhuma proposta deles, mas o fato de que eles sejam legítima e seguidamente eleitos e possam expressar suas opiniões (mesmo que para mim elas pareçam absurdas) é uma das coisas admiráveis da democracia. Em uma matéria que fiz sobre redução da maioridade penal, o patriarca Jair deu uma das melhores declarações que já ouvi de um entrevistado:

"A essas pessoas que pensam que é melhor tentar ressocializar os menores infratores do que puni-los, eu digo o seguinte: levem para casa esses bandidos. Cuidem deles, contratem-os para levar suas filhas à faculdade. Em relação a ser cláusula pétrea ou não (a maioridade penal), faltou colocar na Constituição que a vida das vítimas não é pétrea".

Eu tive que morder minha língua para não rir ao telefone.

16.10.06

Rali Búzios-Rio

Mais uma etapa percorrida com relativo sucesso.

Agradeço apenas a minha co-piloto, a melhor do mundo, e ao grande Joílson.

Ugly Betty

Especialistas dizem que daqui a uns anos, o presidente dos Estados Unidos será um latino devido ao constante crescimento desse grupo populacional por lá. Bom, não sei se os "chicanos" vão conseguir fazer o homem mais poderoso do mundo, mas sei que eles já conseguiram fazer com que a ABC (a mesma de Lost, Grey's Anatomy, Desperate Housewives e outros sucessos por lá) refilmasse Betty, a feia no formato de enlatado e a exibisse no horário nobre de sexta-feira. Pelo que entendi do site de Ugly Betty, foram gravados apenas quatro episódios. Dois já foram exibidos e dependendo da audiência a série terá seqüência. Aguardemos a repercussão desta história que já foi sucesso em toda a América Latina.

11.10.06

Data comemorativa

Se este blog tivesse leitores, talvez muitos deles poderiam pensar que o nome 24/7 se refere ao dia 24 de julho. Não é verdade. A justificativa para este título se encontra logo ali em cima. Mesmo assim, fui procurar a importância dessa data na história da humanidade e encontrei coisas interessantes:

-Em 1883, o município de Campos (RJ), muito antes de surgirem os Garotinho, tornou-se o primeiro da América Latina a ter iluminação pública.

- Em 1969, a Apollo 11 retornou à Terra.

- Em 1783, nascia Simon Bolívar.

- Em 1980, morria Peter Sellers

Outros acontecimentos podem ser encontrados na página da Wikipédia dedicada a esse dia.

10.10.06

Informe esportivo

Pela Copa do Mundo entre Países com Camisa Amarela e Short Azul como Primeiro Uniforme e Camisa Azul e Short Branco como Uniforme Reserva, sediada na Suécia, o Brasil venceu o Equador por 2 a 1. Agora basta um empate contra a seleção anfitriã para chegar à final. Quando será a próxima rodada?

De destaque na pelada, apenas Robinho, que, mesmo sendo excessivamente firulento, mostra disposição e forma para quem está na reserva em seu clube. Ah, e destaque também para os anúncios da NET e do site www.floresonline.com.br nas placas publicitárias do estádio sueco.

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No esporte política, o recém-eleito deputado federal por São Paulo Clodovil continua batendo recordes e mais recordes. Depois de dizer que não tem proposta alguma para seu mandato, que não sabe como funciona o parlamento e de assumir que continuará morando em São Paulo, indo trabalhar em Brasília apenas terças, quartas e quintas, o estilista não mostrou pudores em afirmar que venderia seu voto e ainda desdenhou de seus eleitores. Disse ele ao jornal argentino Perfil, reproduzido pelo site da Folha de SP:

"Vou aprender com os políticos com experiência, mas não me ensinarão a roubar porque eu, por pouco, não vou me sujar. Tudo dependerá de quanto me ofereçam para votar os projetos do governo. Cada um pesa o dinheiro em sua própria balança. Eu não resolverei os problemas de ninguém. Aqueles que votaram em mim acreditando que eu iria solucionar os seus problemas se enganaram, isso é uma bobagem digna de quem foi mal colonizado".

Hoje, em visita ao Congresso, noticiada pelo Globo Online, disse, ambiguamente, que ele era como um cachorro. "É só passar a mão que eu abano o rabo". Querendo desmentir suas declarações de que venderia seu voto e os boatos de que os presidentes da Câmara, Aldo Rebelo, e do Conselho de Ética da Câmara, Ricardo Izar, teriam repreendido-o por isso, acusou a imprensa de distorcer suas palavras e emendou: "O que eu disse é que todo homem tem seu preço, que 30 mil é pouco e que com 30 milhões você pode ajudar algo ou alguém. Mas mesmo assim não vale a pena. Eu não sou analfabeto, não sou idiota e nem bebo para dizer uma coisa dessas". Clodovil ainda falou sobre o encontro que teve com Aldo: "Sou uma pessoa muito boa de coração e o Aldo percebeu isso, porque arranquei lágrimas dele".

E em um furo de reportagem, José Simão, da Folha, descobriu qual vai ser a primeira ação de Clodovil na Cãmara. Liberar o rodo-anel.

Veja essa II

Devido ao estrondoso sucesso da primeira edição da série Veja essa, publico o segundo número visando a manter minha grande audiência.

Outubro de 2002. Última edição antes do primeiro turno das eleições. Analisem a capa:



Eu não sou especialista em mensagens subliminares nem gosto de teorias de conspiração, mas vendo esse fundo vermelho, com algo branco com pontas no meio, escrito "MENTIRA!", às vésperas de uma eleição na qual Lula era favorito, não tive dúvidas: a revista quis fazer uma clara associação com a bandeira do PT.

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Foi semana passada, mas não poderia deixar de congratular O Globo pelo título da matéria sobre o apoio de Crivella a Sérgio Cabral: "Sérgio Cabral abandona casamento gay para ficar com Crivella". Sensacional!

Promessa de campanha

Como se sabe, os tributos pagos por brasileiros chegam a quase 40% do PIB. Temos que trabalhar quatro meses por ano apenas para pagar impostos. Por isso, se eu for eleito, vou diminuir drasticamente a carga tributária brasileira. E meu primeiro alvo vai ser a eliminação de todo e qualquer tributo a Renato Russo. O povo não agüenta mais! Estamos saturados disso. Agora, além dos shows mensais, uma peça de teatro presta tributo ao falecido músico. É realmente necessário?

P.S.: Hoje saiu uma foto do filho dele no Globo. Puxou mais ao Dado Villa-Lobos.

Clipping cinematográfico

- Parece campanha de marketing, mas não é. A atriz neo-zelandesa Keisha Castle-Hughes, 16 anos, indicada ao Oscar por "A encantadora de baleias" quando tinha apenas 12 anos, assumiu que está grávida de seu namorado, de 19 anos. O curioso não é que atualmente o governo da Nova Zelândia está em campanha contra a gravidez precoce. O mais interessante é que o próximo filme de Keisha, "The Nativity Story", que deve estrear até o fim do ano, conta a história de Maria e José no período antes do nascimento de Jesus. E ela interpreta a própria mãe do Cristo.

- Parece campanha de marketing oportunista. E é. A Lionsgate, produtora de Jogos Mortais III, anunciou que vai usar uma ampola de sangue do ator Tobin Bell, que interpreta Jigsaw, no processo de impressão de uma nova tiragem de mil cartazes do filme. Para disfarçar a canalhice, os cartazes serão leiloados ou vendidos e toda a arrecadação irá para a Cruz Vermelha. Além disso, uma campanha de doação de sangue está sendo organizada.

- Da série "é pra rir ou pra chorar?": o filme "Turistas", com estréia marcada para dezembro nos EUA, conta a história de um grupo de mochileiros perdidos em uma estrada brasileira que tenta sobreviver a psicopatas, canibais e coisas do gênero, bem ao estilo de "O albergue". Em seu pôster, a produção traz a seguinte frase: "No país em que tudo é permitido... Qualquer coisa pode acontecer".

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9.10.06

O festival das crianças

Não vi nenhum filme da Mostra Geração, mas ainda assim minha programação nesse Festival do Rio foi marcada pelas produções que apresentavam atores infantis, fossem eles coadjuvantes ou protagonistas. Esse fato me levou a criar o Troféu Spielberg para performances infantis. Como se sabe, Steven Spielberg é um grande diretor de atores-mirins, tendo arrancado boas performances até mesmo do nanico Tom Cruise. Os ganhadores deste ano são:

Spielbergs de melhor atriz, de família mais excêntrica e de melhor cena de dança - Abigail Breslin, por sua performance como Olive Hoover em Pequena Miss Sunshine.

Spielberg de melhor ator - Timotei Duma, pelo papel de Lalalilou em Como festejei o fim do mundo.

Spielberg de ator mais cativante - Eloy Burman, por sua performance como Gastón em Leis da família.

Spielberg de melhor processo de amadurecimento - Émile Vallée e Marc-André Grondin, pelas duas fases de Zachary em CRAZY - Loucos de amor

Spielberg de performance mais insalubre - Ah-sung Ko, por sua performance como Park Hyun-seo em The Host.

Spielberg de performance mais enjoada - Victor Valdivia, por sua performance como Raul em A educação das fadas

Spielberg de coadjuvante mais importante - Mariane Lalumière, pelo papel de Charlotte em A vida secreta das pessoas felizes.

Spielberg de infância mais sofrida - Mia, a personagem animada de Irmão padre, irmã puta.

****

De maneira geral, a classificação dos filmes que vi ficou assim:

Os bons
- The Host
- CRAZY - Loucos de amor
- Ouro negro: O gosto amargo do café
- The Wind that Shakes the Barley
- Pequena Miss Sunshine
- As leis de família
- Como festejei o fim do mundo
- 12:08 East of Bucharest

Os razoáveis
- Atravessando o Arizona
- Sexta-feira ou um dia qualquer
- Perto de casa
- O peixe se apaixona
- Na sombra das palmeiras do Iraque
- TV Junkie
- Irmão padre, irmã puta
- Nosso amor do passado
- Quelques jours en septembre
- Todos os dias antes do amanhã
- A vida secreta das pessoas felizes
- Men at Work
- A educação das fadas

Os ruins
- A Scanner Darkly
- 3 Needles
- WWW

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Rali Rio-Angra


A Avenida Brasil é uma das vias mais importantes de entrada e saída da cidade do Rio de Janeiro. Dada a sua importância, conta com quatro pistas em cada sentido, divididos por uma mureta central. Ainda assim, é uma porcaria se comparada com o que deveria/poderia ser e basta uma chuva forte para constatar isso. Pude tirar a prova durante uma de minhas maiores aventuras automobilísticas.

Na sexta-feira à noite, embarquei em um Chevette prata, 1992, bem parecido com o da foto ao lado, rumo à Angra dos Reis. O carro estava lotado, tanto de passageiros quanto de bagagens. Cinco pessoas e um porta-malas entupido. Movidos a GNV, pegamos chuva desde nossa saída de Copacabana. A situação estava mais ou menos tranqüila até o início da Brasil, ali na altura de São Cristóvão, Caju. A partir dali, a chuva engrossou de tal maneira que Rodrigo, o motorista, passou a dirigir a 60km/h em uma via cujo limite permite ir a até 90km/h. Sob e sobre água, fomos avançando. A velocidade do carro aumentava ainda mais a força da chuva e as poças dominavam as pistas. Mais de uma vez fomos surpreendidos por jatos d'água projetados em nossa direção por carros e ônibus que nos ultrapassavam. Como tínhamos que manter os vidros minimamente abertos para que o pára-brisa não embassasse, recebemos diretamente em nossos rostos o líqüido, que a essa altura não podia mais ser chamado de água, proveniente do asfalto asséptico da Avenida Brasil.

Benfica, Manguinhos, Bonsucesso, Ramos, Olaria, Penha, Cordovil, Vogário Geral, Parada de Lucas, Jardim América, Irajá, Acari, Coelho Neto, Barros Filho, Guadalupe, Deodoro, Ricardo de Albuquerque, Realengo e Padre Miguel ficaram para trás conforme avançamos. Nesse trajeto, muitos carros completamente apagados e parados no meio da via, outros tantos em movimento e com o pisca-alerta ligado e muitas poças bem-dotadas. Em algum posto entre Padre Miguel e Campo Grande decidimos dar uma parada porque temíamos que o Chevettinho não agüentasse por muito mais tempo tanta chuva. O pit-stop foi rápido. Ficamos uns cinco minutos dentro do carro. Nem mesmo conseguimos um teto, pois o posto estava apinhado de outros refugiados.

Caímos na estrada novamente, dando seqüência ao nosso road-movie, para, logo em seguida, depararmo-nos com o que foi, provavelmente, o maior desafio da jornada: um extenso e profundo rio sazonal cujo curso atravessa a Avenida Brasil de ponta a ponta. Foram, provavelmente, os cem metros mais longos que já percorri dentro de um carro. O temor de que o carro morresse era constante e ampliado a cada vez que um motorista de perícia menor que o piloto que nos conduzia (sim, a essa altura o Rodrigo já havia se revelado um piloto) cismava em atravessar o rio lentamente ou toda vez que um ônibus ou caminhão nos ultrapassava, formando tsunamis que podiam muito bem engolir o humilde Chevette. No fim das contas, para nossa sorte, o único prejuízo foi uma mala molhada no bagageiro.

Após uma outra parada para ir ao banheiro, estacionamos no Extra de Santa Cruz para abastecer e comer. Devido ao avançado da hora, todas as lanchonetes do local estavam fechadas e tivemos que nos contentar em comprar biscoitos salgados genéricos. Por ironia, ao saírmos do estacionamento, avistamos logo à frente, a cerca de cem metros, um Bob's em pleno funcionamento.

Quando pensei que o pior havia passado, pois a chuva havia diminuído, eis que descubro as precárias condições da Rio-Santos. Uma estrada com apenas uma pista em cada sentido, divididas por olhos de gato, que em alguns momentos já não existem mais, e com um acostamento xexelento. Lá na frente, já próximo de Angra, tivemos que enfrentar a chuva, que recrudescera, um nevoeiro sinistro e o sono que começava a acometer nosso piloto. Eu, particularmente, também tive que enfrentar um mala que não coube no local apropriado e que cismava em tentar ver a estrada pelo vão dos bancos centrais. Para tanto, ele não hesitava em colocar sua cabeça a um centímetro da minha.

No fim, ainda tivemos um contratempo com o porteiro do condomínio que era nosso destino final. O desgraçado certamente não fazia idéia do que havíamos acabado de passar e quis mostrar serviço, impedindo nossa entrada. Mas, com a graça de Deus, tudo acabou bem.

A história toda pode parecer meio sem graça, mas me senti compelido a escrever uma sincera homenagem a esse bravo Chevette 1992 movido a gás. Uma salva de palmas pra ele, por favor, que não fraquejou em nenhum momento, apesar de minhas dúvidas, e ainda fez o trajeto de volta, também debaixo de chuva, com uma segurança admirável. Parabéns também ao Rodrigo que, com a aposentadoria de Schumacher, pode tentar a sorte na Fórmula-1.

6.10.06

Veja essa I

Um dos motivos que me fizeram criar esse blog foi a oportunidade de compartilhar com todos as pérolas publicadas semanalmente na revista Veja. Pois bem, aqui inauguro a série de posts "Veja essa".

Não me lembro do número da edição, nem da capa da revista, por isso não serei literal. Mas acreditem em mim, não estou desvirtuando o sentido das sentenças descritas abaixo. A matéria, publicada em algum momento do primeiro semestre de 2006, falava sobre mais um ato de vandalismo por parte do MST. O repórter, cujo nome esqueci, estava a descascar o movimento. O MST é passível de muitas críticas, claro, mas dois argumentos do autor beiravam o brilhantismo. Disse ele que a causa dos sem-terra era um tanto anacrônica, pois na atual configuração econômica mundial e brasileira a reforma agrária é uma questão ultrapassada. Genial, não? Que bela defesa dos latifúndios! Não satisfeito, seguiu dizendo que o movimento não podia ser levado a sério porque tem ideais socialistas e, como todo mundo sabe (aqui estou quase transcrevendo o que li), socialismo e banditismo são as duas faces de uma mesma moeda. É ou não é digno de nota?

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Também inauguro a série "Coisas que só saem no Globo On Line". Título da matéria sobre a decisão do papa Bento XVI postergar o anúncio do fim do limbo (lugar para onde iriam as crianças e "pessoas de bem" não batizadas): "Papa mantém conceito de limbo no limbo por mais um tempo". Como se os eleitores não já tivessem entendido a infâmia, segue o redator na primeira frase com: "O Papa Bento XVI preferiu manter, por enquanto, o limbo no limbo".


P.S.: As duas séries estão abertas a colaborações dos leitores.

Cadê o gerente? / Teto de vidro

Alckmin não se gaba de ter equacionado as dívidas do Estado?

http://oglobo.globo.com/sp/mat/2006/10/03/285964335.asp

http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI1160666-EI306,00.html

O atual governador, Cláudio Lembo, também se viu obrigado a anistiar dívidas e juros de devedores do ICMS, para garantir que ao menos as dívidas originais sejam pagas. Segundo o ex-blog do Cesar Maia, (ex-) aliado de Alckmin, isso é medida de quem precisa fazer caixa urgente.

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Enquanto isso, Lula prefere não comentar o apoio de Garotinho a Alckmin. Faz bem. Não tem moral para fazer esse tipo de comentário quem divide palanque com Jáder Barbalho, Newton Cardoso, Sérgio Cabral e afins.

Será que agora vai?

E lá vou eu pra minha terceira tentativa de manter um blog. O primeiro morreu com menos de dez posts. O segundo até teve bons momentos em seus cerca de três meses de vida. Houve até comentários! Mas depois de noventa dias sem acessá-lo, a globo.com fez o favor de deletá-lo. Bom, pelo menos o blogspot permite a existência de páginas ociosas. Ah, sem esquecer que ainda tenho um fotolog que está há quatro meses abandonado.


Nessas primeiras semanas, aguardem posts sobre as eleições. E sobre qualquer outra coisa que me chame a atenção.