24/7

Um espaço aberto para o debate vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. O anfitrião nem sempre estará presente.

18.1.08

Fonte de inspiração

Eu queria falar isso há muito tempo, mas sempre esquecia. Essa última campanha do Gol, "verdades sobre o Gol, use sem dó etc", que ainda está no ar, é ou não é uma chupação descarada e muito mal feita daquela brincadeira com o Chuck Norris?

A justiça é cega e não enxerga no escuro

Um ótimo exemplo da lentidão do sistema judiciário brasileiro. Vejo no Globo Online que a 17ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado de Minas Gerais proibiu a comercialização do jogo Counter Strike no Brasil. A decisão, válida para todo o território nacional, já está sendo cumprida em Goiás.

Sem entrar no mérito ou na eficiência da medida, cuja ação teve início em 2002, minha dúvida é: ALGUÉM AINDA JOGA COUNTER STRIKE?

Na corrida da vida, a indústria dos games acaba de dar a enésima volta sobre a retardária justiça brasileira.

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Feliz 2008!

13.12.07

Imprensa em pó

Mais um exemplo de como nossa imprensa é desbalanceada. Faz alarde com as denúncias, mas é sofrível no acompanhamento dos casos. Lembra do escândalo da água oxigenada e da soda cáustica no leite? Os laudos do Instituto Nacional de Criminalística, divulgados no dia 4 deste mês, não acusaram a presença dessas substâncias nas amostras coletadas. O leite analisado estava adulterado e não era apropriado para o consumo, mas não se pôde afirmar, com certeza, a presença de substâncias tão agressivas.

Assim, o crime ainda está configurado. No entanto, há uma boa diferença entre adulterar leite com conservantes e adulterar leite com água oxigenada e soda cáustica, principalmente para os acusados. E nossa imprensa não está nem aí para isso. Repito, o laudo foi divulgado no dia 4. Alguém leu algo a respeito por aí? Só descobri hoje, por acaso.

Links:

G1

Folha

Último Segundo

E para quem gosta de teoria de conspiração, aqui está uma na qual a Parmalat teria sido deliberadamente prejudicada pelo escândalo. Por que ninguém apura isso?

12.12.07

Imagens de Bogotá

Imperialismo tupiniquim
















Ajiaco (sopa de batata e milho com creme de leite e alcaparras, arroz, frango e abacate)















Vista da cidade a partir de Montserrate















A Mona Lisa de Fernando Botero




















Santuário de Montserrate, o principal ponto turístico da cidade

Quem dá mais?

A empresa estatal sueca Vin&Spirit, fabricante da vodca mundialmente famosa Absolut, será privatizada no ano que vem. A estimativa é de que as propostas girem em torno de US$ 6 e US$ 7 bilhões.

Bom, eu não apoio a campanha pela reestatização da Vale. Sei que a sua privatização foi há dez anos e que hoje seu valor de mercado está na casa das dezenas de bilhões de dólares, se não for mais. Também sei que o rótulo Absolut vale mais do que o líqüido branco dentro das garrafas. Mesmo assim, não consigo deixar de lembrar que a mineradora foi vendida por US$ 3 bilhões, metade do montante pela qual a fábrica de bebidas será leiloada.

P.S.: Uma dúvida. Será que o lucro do governo sueco com a Absolut era maior do que os gastos em saúde provocados por problemas relacionados ao álcool? Tá aí um estudo interessante de se fazer.

6.12.07

Cesar, o pioneiro

O assunto é velho, mas vale a pena. Sobre esse novo modelo exemplar da administração pública de demolir locais que ficaram marcados por tragédias, como se a culpa fosse apenas das estruturas em si, lembro que Ana Júlia Carepa e Jacques Wagner não são os únicos adeptos. Os governadores de, respectivamente, Pará e Bahia querem pôr abaixo uma prisão e um estádio de futebol. Devem ter se inspirado no prefeito carioca Cesar Maia que, no início deste ano, após o desabamento de uma marquise causar a morte de duas pessoas, simplesmente proibiu a construção desse elemento arquitetônico na cidade e programou a demolição paulatina das já existentes.

Como sempre, Cesar foi o primeiro a inovar. Parece que a medida deu certo. Desde então, não há registro de outras mortes provocadas por marquises assassinas no Rio de Janeiro.

30.11.07

O segredo de Bogotá

Ainda sobre Bogotá. A cidade não é propriamente bonita. A muralha dos Andes a leste é sensacional, mas nada comparado ao Rio. Há muitos problemas, um trânsito caótico, ar poluído, bairros perigosos e os edifícios de tijolos vermelhos, mesmo sendo uma marca registrada de lá, tornam a paisagem um tanto monótona. Com cerca de sete milhões de habitantes, não poderia ser diferente. Mas há uma coisa que sobra em Bogotá e praticamente inexiste no Rio.

Não é algo facilmente perceptível, ainda mais para um turista. É uma sensação, um sentimento de que a cidade está em funcionamento. Não é como o Rio, que vive apesar dos problemas. Lá, é como se a cidade vivesse também para superar os problemas. E que problemas! Há toda a história de drogas, seqüestros e assassinatos, que pode ser resumida com a invasão, há 22 anos, do Palácio da Justiça, sede da Suprema Corte, no centro histórico da cidade, pela guerrilha M-19. Morreram civis, todos os guerrilheiros e metade dos juízes membros da Corte. Algo inimaginável. Há apenas 22 anos. E a cidade superou isso (ou preferiu esquecer, como dizem alguns).

Conversando com moradores e conhecendo o passado recente de Bogotá, fica um pouco mais fácil entender o que falta por aqui. Apesar de capital do país, os bogotanos, de qualquer orientação política, não hesitam em prestar elogios aos seus últimos quatro prefeitos. É a mão visível do poder público. Do poder público LOCAL. Tenho a impressão de que é disso (claro que não só, mas principalmente) que precisamos.

O detalhe é que o mandato para prefeito de Bogotá, antes de 2004, era apenas de dois anos. A mudança começou efetivamente no final da década de 1990. E entre lá e cá houve alternância no poder.

O que dizer, então, do nosso prefeito, que governou o Rio durante 12 dos últimos 16 anos e ainda fez seu sucessor nesse intervalo?

Novos postais brasileiros

Esse país é mesmo uma caixinha de surpresas. Viajei para o exterior pela primeira vez na vida, passei apenas seis dias fora e, ao voltar, deparei-me com com dois casos que ilustram perfeitamente a situação em que nos encontramos.

Um deles é a história da menina menor de idade que foi presa e encarcerada com homens no Pará. Um dos piores exemplos de como o Estado brasileiro é assassino. O outro episódio se refere ao turista italiano atropelado por um ônibus após se engalfinhar com um assaltante na orla do Rio. Se não cuidamos bem dos nossos, por que iríamos cuidar bem dos outros, não é mesmo? Igualdade de oportunidades é isso aí.

Passei esses seis dias em Bogotá, na Colômbia, levando na bagagem conselhos honestos sobre precaução e cuidados e piadas e brincadeiras clichês e preconceituosas sobre nosso vizinho latino-americano, além de minha própria carga de curiosidade e ignorância. Perguntaram-me se iria para Bogotá comprar pó. Ora, eu moro no Rio, onde, descobri, é muito mais fácil comprar drogas. Olhemos mais para nosso próprio umbigo, por favor!

8.10.07

Kátia Abreu

Como prometido, aqui estão trechos do discurso da senadora Kátia Abreu sobre trabalho escravo. Se quiser, leia a íntegra. Destaque para o prazer que a parlamentar tem em dormir na rede.

"Agora, Srªs e Srs. Senadores, o mal de tudo isso não é a Instrução Normativa nº 31, que é uma das mais rigorosas do mundo, o mal de tudo isso é que, exatamente no dia 11 de dezembro de 2003, aprovou-se, no Congresso Nacional, a Lei nº 10.803, que alterou o art. 149 do Código Penal, onde está escrito:

Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto:

Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

Isso não tem nada de mal. Não teria nada de mal se não houvesse uma indefinição nessa Lei. Quero perguntar a cada um dos Senhores e a todos que aqui nos ouvem: o que é trabalho degradante? Qual é esse conceito? Onde está escrito isto? Nós precisamos escrever e conceituar essa expressão tão ampla. O que pode ser degradante para um trabalhador do Nordeste pode não ser degradante para um trabalhador do Sul. É essa indefinição que fez com que fosse criado esse Grupo Móvel de trabalho para as propriedades rurais.


(...)

Como se não bastasse, a maior aberração que este art. 149 tem não é a indefinição do que é degradante. Dormir em rede, para mim, pode ser maravilhoso; para um trabalhador do Sul pode ser péssimo. Os costumes regionais são muito importantes e devem ser levados em conta..."

24/7 - Ano I

Este blog completou um ano de existência no sábado passado, dia 06. Contando com este, foram 70 posts nesses doze meses, média de 1,3 por semana. Nada mal, se se considerarem os quase cinco meses de abandono.