24/7

Um espaço aberto para o debate vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. O anfitrião nem sempre estará presente.

8.10.07

Kátia Abreu

Como prometido, aqui estão trechos do discurso da senadora Kátia Abreu sobre trabalho escravo. Se quiser, leia a íntegra. Destaque para o prazer que a parlamentar tem em dormir na rede.

"Agora, Srªs e Srs. Senadores, o mal de tudo isso não é a Instrução Normativa nº 31, que é uma das mais rigorosas do mundo, o mal de tudo isso é que, exatamente no dia 11 de dezembro de 2003, aprovou-se, no Congresso Nacional, a Lei nº 10.803, que alterou o art. 149 do Código Penal, onde está escrito:

Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto:

Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

Isso não tem nada de mal. Não teria nada de mal se não houvesse uma indefinição nessa Lei. Quero perguntar a cada um dos Senhores e a todos que aqui nos ouvem: o que é trabalho degradante? Qual é esse conceito? Onde está escrito isto? Nós precisamos escrever e conceituar essa expressão tão ampla. O que pode ser degradante para um trabalhador do Nordeste pode não ser degradante para um trabalhador do Sul. É essa indefinição que fez com que fosse criado esse Grupo Móvel de trabalho para as propriedades rurais.


(...)

Como se não bastasse, a maior aberração que este art. 149 tem não é a indefinição do que é degradante. Dormir em rede, para mim, pode ser maravilhoso; para um trabalhador do Sul pode ser péssimo. Os costumes regionais são muito importantes e devem ser levados em conta..."

24/7 - Ano I

Este blog completou um ano de existência no sábado passado, dia 06. Contando com este, foram 70 posts nesses doze meses, média de 1,3 por semana. Nada mal, se se considerarem os quase cinco meses de abandono.

5.10.07

Esse louco mundo e seus estranhos habitantes

Responda rápido: você gostaria de estar no World Trade Center em 11 de setembro de 2001? Provavelmente não, certo? Agora, com mais calma, pense e responda: e se você, de alguma forma, soubesse que iria escapar daquele caos quase que ileso, não gostaria de viver momentos históricos, heróicos e dramáticos? Ainda não? Bom, e se sua vida fosse vazia e sem sentido? Sobreviver àquilo não seria uma bela forma de passar a ser admirado e respeitado pelos outros? Compartilhar suas experiências com outros e ajudar outros sobreviventes também seria ótimo para se sentir importante, não é?

A norte-americana Tania Head, ex-presidente de uma associação de sobreviventes do 11/09, deve pensar de forma semelhante. Não, ela não vivia solitária em Nova York quando viu os atentados e decidiu subir as torres para fazer parte daquilo. Ela provavelmente não estava na cidade ou não teve coragem para tanto naquele dia. Algum tempo depois, Tania simplesmente criou um grupo de auxílio a sobreviventes e familiares de vítimas e começou a contar que estava no WTC na fatídica data com detalhes emocionantes. Alegava ter sido uma das sortudas dezenove pessoas que se localizavam em andares acima do ponto de impacto dos aviões e que conseguiram se salvar. Dizia ter sido salva por um bombeiro que morreu durante o resgate. Afirmava ter devolvido uma aliança a uma viúva cujo marido, moribundo, teria encontrado Tania em meio ao inferno e pedido a ela que entregasse o anel à esposa. Lamentava a morte do noivo, que se encontrava na outra torre. E muito mais. Enquanto esteve à frente da associação de sobreviventes, Tania dividiu suas lembranças com milhares de pessoas. Ela guiou inúmeras visitas ao Ground Zero, tendo conversado inclusive com o ex-prefeito Giuliani, o atual prefeito, Bloomberg, e o ex-governador do estado de NY, Pataki.

No fim de setembro, o NY Times publicou uma matéria desmascarando Tania. Ela nunca esteve nas torres no dia 11/09. Também não perdeu noivo algum no atentado. E, talvez o mais surpreendente, até agora não há indícios de que ela tenha se beneficiado financeiramente dessa farsa. Outros integrantes da associação que ela presidia (Tania foi afastada após as revelações) elogiam seu trabalho na entidade e não detectam desvios de recursos e doações. A "ex-sobrevivente" nem mesmo entrou com o pedido de indenização ao qual os sobreviventes tinham direito.

Ainda se sabe muito pouco sobre o passado da moça. Um jornal espanhol disse que ela teria morado em Barcelona antes de se mudar para NY e que seu pai e se irmão já teriam cumprido pena por envolvimento em um escândalo financeiro. As cicatrizes que ela dizia serem seqüelas de queimaduras sofridas durante sua fuga das torres seriam, na verdade, conseqüência de um grave acidente de carro.

Leia as matérias (1 e 2) do NY Times a respeito do caso. Provavelmente Ms. Head tem problemas psquiátricos. Mas, se você fosse um "ninguém", não gostaria de passar a ser visto como um sobrevivente do 11/09?

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Há algum tempo, o NY Times liberou todo o seu conteúdo a partir de 1981. Enquanto isso, por aqui, o Globo Online recentemente fechou o seu...

Festival do Rio - Troféu Espaço de Cinema

Quase todos os filmes que vi no festival deste ano foram, involuntariamente, no Espaço de Cinema, em Botafogo. Por isso, em homenagem ao local, a premiação deste ano leva seu nome. Vamos ao que interessa:

Troféu Espaço de Cinema de filme mais romântico: I'm a cyborg, but that's OK.

Troféu Espaço de Cinema de filme mais triste: Pálpebras azuis (talvez o filme mais triste que já tenha visto na vida).

Troféus Espaço de Cinema de filme mais simpático e com mais fins turísticos: Dot.com.

Troféu Espaço de Cinema de filme mais "faça amor, não faça guerra": Hana (o prêmio não é depreciativo. O filme é bem legal. O diretor de Ninguém pode saber continua a abordar temas pesados e complexos de forma singela).

Troféu Espaço de Cinema de filme romeno: California Dreamin' (Está virando tradição. O cinema romeno é batuta. Pena que o diretor morreu antes mesmo de finalizar o filme, que poderia ser um tantinho mais curto, mas é muito bom mesmo assim. Romeno é uma língua a se aprender).

Troféu Espaço de Cinema de melhor (e único) filme visto fora do Espaço de Cinema: A dança dos guerreiros (documentário sobre a jornada de superação de crianças na África. Não dá pra ficar indiferente, né?).

De resto, vi apenas filmes meia-boca: Luxury Car, Humilhação, Contra-investigação, A cortina de açúcar, O bom de chorar e Perdidos em Pequim.

4.10.07

Índice iPod

Assim como a revista The Economist fez com o Big Mac, o banco australiano Commonwealth Bank tomou o iPod (modelo Nano, de 4Gb) como parâmetro para comparar a força da moeda e o poder de compra em diferentes países. Entre as 55 nações avaliadas, o Brasil aparece, pela segunda vez seguida, como o lugar onde o preço do aparelho é mais caro, US$ 369,61, cerca de R$ 675.

Em seguida, bem atrás, aparece a Bulgária (318,60). Os EUA, sede da Apple, criadora do iPod, apresenta o segundo menor preço pelo MP3 player, US$ 149. Na China, onde são fabricados, os iPods saem a US$ 179,63.

Eu sei que as coisas não são tão simples assim, mas, em um raciocínio tosco, o preço no Brasil não deveria ser o valor cobrado nos EUA ou na China, mais as taxas e impostos, mais o lucro do vendedor? Eu também sei que taxas e impostos no Brasil são muito altos. O que eu não sei é de onde vem tanta discrepância entre os preços praticados aqui e lá fora e agora não me refiro apenas a iPods, mas a eletroeletrônicos em geral. Ou será que sei?

Quer um iPod? Mande trazer de Hong Kong por US$ 148,12, o mais barato do mundo.

2.10.07

Notas musicais

Interessante a atitude do Radiohead em vender o novo CD apenas pela internet, sem intermédio de gravadoras e pelo preço que o consumidor quiser pagar. Espero que dê certo e que a arrecadação seja satisfatória. Mas... e se não der?

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Lembram da minha resolução de ano novo em 2006? Não? Tudo bem. Eu mesmo a esqueci por muito tempo. Quando lembrei, decidi começar minha atualização pelo The Killers. Acho que foi uma boa escolha. Por isso estou um pouco ansioso pelo show deles no Festival Tim, mas ainda com um pé atrás. Apesar de diversas resenhas e comentários que já li sobre a pegada e a presença de palco dos caras, sempre vejo o vocalista Brandon Flowers um tanto tímido e inibido nos vídeos ao vivo aos quais já assisti. Espero que o investimento neste ingresso valha a pena.

E ainda tenho que fazer o dever de casa sobre Juliette & The Licks.

Aliás, ingressos esgotados para esta noite. Tomara que a platéia colabore.