Teoria de conspiração (ou choro de perdedor)

Faz mais de um ano que jogo regularmente na Mega-Sena, em um bolão organizado pelo pessoal do meu trabalho. Nesse período, cansado de tantas apostas infrutíferas e convencido de que nunca me tornarei um milionário (pelo menos não dessa maneira), percebi algumas situações bastante curiosas, principalmente após o último sorteio, que de R$ 52 milhões a uma única pessoa.

Não raro os prêmios acumulam seguidamente, formando montantes consideráveis como o citado acima. Isso tem sua lógica, visto que quanto menor o prêmio, menos apelo ele tem, menos pessoas apostam e maior é a probabilidade de que as seis dezenas sorteadas tenham sido marcadas. A coisa começa a ficar estranha quando esses grandes prêmios acumulados, quase sempre, saem para uma única pessoa, quando justamente, teriam mais chances de ter vários ganhadores, pois as apostas são mais abundantes. Uma vez ou outra, tudo bem, mas nesse último ano, apenas um prêmio grande foi rachado, por duas pessoas. Nesse último sorteio, por exemplo, a Caixa Econômica disse que processou mais de R$ 111 milhões em apostas. Isso quer dizer que foram feitos mais de 70 milhões de jogos. E apenas um marcou os números 15-17-23-33-39-49? Tudo bem, as possibilidades de combinação de seis números em sessenta superam os 70 milhões, no entanto esse mesmo esquema acontecer ao longo de mais de um ano é estranho.

Esse sistema de sorteio da CEF também é outra coisa que não entendo. Não entendo muito de probabilidade e estatística, por isso aceito ajuda. No verso do volante de aposta, diz que suas chances de ganhar são de uma em 50.063.860. Ora, que eu saiba, a maneira de calcular as possiblidades de combinação de seis números em 60 é multiplicar 60x59x58x57x56x55. E essa conta dá mais de um bilhão. Estou errado? Imagino que a forma de sorteio mais coerente seria colocar 60 bolinhas em uma esfera e retirar seis lá de dentro. Mas a CEF faz uma coisa complicada. Cada número é sorteado a partir de duas esferas. Uma contém os números da dezena o, 1, 2, 3, 4, 5 e outra os números da unidade, de 0 a 9. O número 00 é o 60. E cada número sorteado conta com o seu prórpio par de esferas.

O ganhador dos R$ 52 milhões fez um único jogo e mais surpreendente ainda é que na mesma casa lotérica usada por ele, em Goiás, um outro apostador levou cerca de R$ 10 milhões em sorteio realizado há alguns anos. Um cara do trabalho disse que ouviu na CBN, ano passado, notícias sobre um esquema de fraude na Mega-Sena. Era época de Copa do Mundo e o caso não teve repercussão nem prosseguimento.

A Mega-Sena já fez 234 milionários desde sua criação. E o que eu acho estranho é que nenhuma dessas 234 pessoas se tornou pública. Tudo bem, se eu ganhasse, o que mais iria querer era o anonimato e os nomes dos ganhadores não devem ser divulgados mesmo por razões de segurança e privacidade. Mas acho estranho ninguém ter se tornado um bon-vivant com direito à capa de Caras ou um filantropo ou um empresário, sequer um socialite.

Um desses 234 foi morto semana passada, no interior do Rio de Janeiro, em Rio Bonito, depois de ganhar R$ 50 milhões em 2005. Eu me pergunto: o que uma pessoa faz em Rio Bonito depois de ganhar toda essa dinheirama? Para mim, a resposta só pode ser uma. O cara não ganhou R$ 50 milhões. Deve ter ganhado uns trocados para servir como laranja de um esquema de fraudes.