Trilogia da juventude carioca
É bem provável que Paulo, Leon e Letícia sejam da mesma turma de faculdade que Tito, Monet e Duda. Não seria estranho se o traficante que engana Monet morasse no Morro da Sinuca. E seria perfeitamente possível que o adolescente jurado por policiais e auxiliado por Paulo, Leon e Letícia fosse Acerola ou Laranjinha. Afinal, todos esses personagens fictícios, retratados nos filmes Proibido proibir, Ódiquê e Cidade dos homens, habitam a mesma cidade.
Apresentar alguns dos muitos microcosmos existentes hoje entre os jovens do Rio de Janeiro é o maior mérito dessas três produções cujos enfoques, embora distintos, cruzam-se intensamente. Proibido proibir, o melhor dos três na minha opinião, segue universitários de uma classe média "engajada" que entram em contato com a dureza presente nas favelas cariocas. Ódiquê, o mais surpreendente, retrata a porção desvirtuada dessa mesma classe média cujos integrantes vivem apenas para si e, apesar do final que quase põe tudo a perder, talvez seja o mais impactante. Cidade dos homens nos mostra as (poucas) opções disponíveis a adolescentes pobres e, mesmo sendo um produto com a marca Globo Filmes, não pode ser acusado de maniqueísta, pasteurizado ou cheio de clichês.
Vale a pena assistir aos três para se ter uma pequena noção de um universo no qual adjetivos como rico/pobre, negro/branco, bom/mau, militante/passivo, consciente/alienado e tantos outros podem ser associados livremente.
Ah, e como é boa a sensação de ver sua cidade retratada na tela do cinema!
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